Talvez fale demais e aja de menos. Não por minha vontade, mas por não me ser permitido. Tudo mudou, mas nada mudou. E é esta mistura de tudo e de nada que me devora. Mais um dilúvio me inunda o espírito e me faz mergulhar. Solto um grito no vácuo, para que ninguém ouça, mas para aliviar. O silêncio é ensurdecedor, a ressaca é maior do que a maior bebedeira alguma vez existente. O silêncio engana, mas talvez, quem sabe, tenha de ser assim. Não por mim, mas por outrem. A promessa existe, e será cumprida, a determinação também, mas a muralha invisível me impede de prosseguir o caminho, de fazer o que quero, o que me proponho... Abre as asas e voa, sonha, vive, sem medo. Sê livre, pois também eu quero sê-lo. Quero saltar a muralha que me sufoca e me prende, mas não é tão fácil assim. Muito está envolvido, muito está investido, preparado para o dia que anseio nunca chegar.
Aqui estou, no meu cantinho, aguardando tudo e nada. Aqui estou. Aqui estarei, neste calmo alvoroço à espera... Apenas à espera...
